9.3.08

Temas Mnésicos

Indizível. Assim se caracteriza a capacidade brasileira de esquecer. De apagar por completo ou, como exigiria a modernidade, de deletar informações. Parece-me que a extrema semelhança de genes da espécie atingiu também a personalidade das pessoas, conferindo-as ao menos uma característica em comum: uma região específica do cérebro, muito desenvolvida, e completamente destinada ao ato de olvidar.

Sejam falcatruas que acabariam de vez com qualquer carreira política, mas que, inacreditavelmente, passam por despercebidas, das quais temos como formidável exemplo o caso Collor; sejam barbaridades da iniciativa privada que prejudicaram, diretamente, centenas de pessoas e que algum tempo depois foram silenciadas pela mídia omissa, como o que, na época, chamaram de "o maior acidente aéreo brasileiro".

Hoje, da minha pacata cidade interiorana, me pergunto onde foram parar tais lembranças. Teriam elas, literalmente, entrado para a História? Ou teriam sido simplesmente arquivadas por quem interessasse tal omissão? É fato que não somente do passado se faz o presente. Mas também é evidente que as experiências passadas deveriam intervir - no sentido de melhorar - as ações e posicionamentos futuros das pessoas.

Enfim, é ano de eleições. Farei o meu título de eleitor em breve e provavelmente votarei. A única certeza que trago comigo desde já é que, antes de qualquer deliberação - que deverá ser estudada de modo extenuante - lembrarei bastante do passado. A relação custo-benefício, hoje obrigatória, será analisada com cuidado, e os atos anteriores dos candidatos terão peso decisivo. Posso parecer sonhador demais, dando demasiada atenção a algo que - muitos dirão - não a merece. Mas trata-se de evitar o remorso, à medida que não deixo o passado morrer. E assim espero que façam os jornalistas.

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