10.2.06

NOSSO PRÓPRIOS TALEBÃS?


Em tempos em que sentimentos religiosos radicais ameaçam a liberdade de expressão, uma das conquistas máximas da democracia e do estado de direito, convém recordar Thomas Jefferson , quando ele disse que "o preço da liberdade é a eterna vigilância".
Aqui no Brasil mesmo, as Organizações Globo/CBN, acabam de ganhar um processo contra a Igreja Universal do Reino de Deus.
Nesse processo, a IURD acusa o articulista Arnaldo Jabor, por um texto em que ele ataca duramente a referida igreja, veladamente por racismo, realmente por charlatanismo e etnicídio cultural, dentre outros.
Ora, é bem sabido que ataques à negros ataques e suas práticas por motivos de religião, é coisa que não é privilégio da IURD, mas também do kardecismo, por exemplo. De toda forma, é intolerável. E é intolerável que esse grupelhos que se arvoram donos da "verdade divina" controlarem, ou quererem controlar, o que nós publicamos, publicizamos, lemos, vemos e ouvimos. O tempo do obscurantismo morreu. Nós o matamos. Mas as reações iradas de alguns islamistas às agora famosas charges (e que se voltássemos 200 anos atrás na Espanha, por exemplo, as reações seriam até piores, se se tratasse de símbolos cristãos) indicam-nos que ele não morreu. Portanto, sêde atentos. Podeis orar, mas sobretudo, deveis vigiar.
Abaixo, a íntegra do que o Jabor falou, e que eu, que estive ano passado em Salvador, só posso concordar.

"Amigos ouvintes, hoje, voltei das minhas férias. Passei duas semanas na Bahia, em Salvador, onde eu fiquei praticamente dias, dentro do mar, nas beiras de praias, nos barcos, e principalmente no meio do povão, no pelourinho no candial, no terreiro de Carlinhos Brown, beijando a mão de mãe Carmem, sentindo o famoso axé geral, que venta na cidade e recebendo as energias da cultura negra e bela, que sentimos nos gestos, na alegria dos baianos e na sua liberdade total.

Salvador é a terra da felicidade, é uma terra sagrada onde as festas pagãs da música e da dança, se misturam com a tradição da religião negra e sua cultura, mas, sempre há um mas, mas, há um grave problema acontecendo em Salvador, que exige uma atitude das autoridades. Pra Bahia se mudaram charlatães, os mentirosos, os falsos profetas da Igreja Universal do Reino de Deus. Aquela seita de executivos que usam Jesus pra montar redes de milhões de dólares em TVs, Palácios em Miami e outras malandragens com os dez por cento, os dízimos que eles tiram dos salários pobres.

Até aí nada se pode fazer a não ser alertar as pessoas pro conto do vigário, mas, acontece que essa gente se instalou na Bahia pra exterminar a religião africana, inaugurando uma guerra contra o Candomblé, contra os terreiros e contra a beleza da África Brasileira. Eles dizem pros pobres lá do seu Palácio no Iguatemi, que o Candomblé é a religião do demônio, que todos tem de aderir a sua Igreja Universal. Declararam guerra a mais bela de nossas tradições culturais e isso pode ser combatido pelas autoridades, só por elas, onde a Constituição proíbe a demonização de religiões por outras.

Por isso eu começo alertando Gilberto Gil nosso Ministro da Cultura para o... do problema, que ele deve conhecer. Lembro ao ótimo prefeito Embassai, de Salvador, sobre isso, e peço atenção do grande político sério que é o novo Governador Paulo Soto, e mais, eu apelo a Antônio Carlos Magalhães, a quem eu já critiquei muito, mas que é um real amante da Bahia, cujas águas ele despoluiu depois de salvar a beleza do pelourinho. Só por isso ACM merece respeito, ele ama a Bahia. Por isso eu peço a ACM e aos baianos sérios e poderosos que lutem contra esses homens que querem arrasar nossa beleza, nossa liberdade da religião negra. Com eles só a luta política e jurídica podem resolver.

Senhores políticos baianos, intelectuais e poderosos, abaixo esses fariseus da Igreja Universal do Reino de Deus, eles têm de ser expulsos do templo".

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